quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pauta: Criança sobrevive a tentativa de envenenamento do pai


Sabe aqueles dias tensos onde todas as pautas cheiram a dor? A rotina de trabalho é um pouco dura, você vive o tempo todo com os contrastes que a cidade cria. Nesse dia já tinha feito fotos de um jovem que tinha sido baleado no bairro de São Caetano, mas a gente tem que engolir seco e seguir em frente. A foto seria em um local longe, quase saindo da cidade de Salvador. Uma "Quebrada" mesmo! O carro do jornal nem chegou a casa da família.
Quando cheguei na casa, a avó da criança me recebeu com um sorriso de orelha a orelha, porém estava triste com o que tinha acontecido com o neto. "É duro meu filho", lamentava a avó.
Jussandra, a mãe do menino, estava no quarto ainda passando maquiagem. Em uma hora como essa passa tanta coisa na cabeça... A mãe deveria ter o semblante triste? A sombra e o gloos que estava passando faria alguma diferença na foto? o que isso significava para o leitor depois? Bom, depois de ter conhecido a mãe e o bebê tinha que achar um local legal para fazer a foto. Nessas horas o fotojornalismo interage sempre com a estética, pois, precisava fazer a foto mostrando a mãe com a criança, porém não poderia mostrar o rosto. Percebi uma feixe de luz que entrava pela janela do quarto do bebê. era o local certo pra fazer a imagem. Posicionei a mãe e quando menos esperei o bebê colocou a mão na boca da mãe. Ao chegar na redação lembrei de uma imagem da mulher nigerianda sendo calada pela mão de seu filho que entrou para a história da fotografia, e foi premiada em 2005 pelo World Press Photo. A foto é de Finbarr O'Reill.

2 comentários:

  1. Nossa!!Foto perfeita!!Digna de prêmio!!
    Adorei!!
    Bjinhos!!

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  2. Querida Helo, seu comentário me fez lembrar da estétização da miséria... De alguma forma tornar a dor em algo esteticamente visível é interessante, no entanto é preciso fazer de forma engajada. Precisamos tomar cuidado com isso sempre. Desafiante. Estava conversando com Lunaé Parracho sobre isso... A gente não cria, mostra de forma critica o que existe. E isso acontece com todas as profissões quando são bem utilizadas. Muito obrigado. bjos

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